Abstract Rio de Janeiro’s former port has undergone an intense process of transformation driven by investor expectations and real estate profitability objectives. However, in this depressed area, long marked by various territorial stigmas, the rise in land value largely depends upon symbolic revaluation. One of the main objectives of the large-scale urban redevelopment project known as Porto Maravilha is to reverse existing perceptions of the port area, moving away from representations as an abandoned, decadent, dangerous space, towards a more positive image as a showcase for Rio de Janeiro and a new gateway to the city. This article describes the triple process through which this reversal is achieved: territorial stigmatization, symbolic re-signification and planned repopulation. It documents various strategies used by project proponents to radically transform the symbolic, material and social make-up of the area in order to promote its revaluation. It also aims to document diverse modes of resistance developed by local population groups to denounce the invisibility, silencing and symbolic erasure they have suffered, showing, in the process, that in Porto Maravilha, culture serves both as an instrument of gentrification and as a tool of resistance.
Resumo A antiga zona portuária do Rio de Janeiro vem passando por transformações que atendem às expectativas de lucratividade de investidores do setor imobiliário. No entanto, a efetivação dessa revalorização fundiária passa por uma revalorização simbólica da área. Um dos objetivos do projeto Porto Maravilha é inverter as percepções existentes sobre a zona portuária, afastando as representações existentes - um espaço abandonado, deca- dente, perigoso - para transformá-la em uma vitrine e porta de entrada da cidade. A partir da mobilização de três conceitos - estigmatização territorial, ressignificação simbólica e repovoamento planejado -, busca-se compreender a ação dos promotores do projeto e discutir as maneiras pelas quais a população local constrói suas resistências frente à invisibilização, ao silenciamento e ao apagamento simbólico dos quais são vítimas. Demonstramos que, no âmbito do projeto Porto Maravilha, a cultura é operacionalizada para a especulação imobiliária e para a transformação do perfil social da área, mas também funciona como uma ferramenta de resistência.